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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Madrugadas

 

Madrugadas

Quisera eu apagar em mim a chama,
que em meu sangue se imiscui, e que me inflama,
e não querer pensar mais que tu existes…
Mas não consigo, pois meus olhos ficam tristes,

E assim me invade o calor doce da paixão,
enquanto a vida vai passando, e já não volta,
cada segundo que passou sem ilusão,
é um presente que nos entra pela porta.

Resta-me então bradar aos céus até ser dia,
por esta linda e viva luz que me alumia,
e que se sinta no meu peito essa razão,
do alivio do contacto do perdão.

Talvez pra ti possam ser águas já passadas,
mas para mim, sozinho nestas madrugadas,
sinto a presença desse amor que me domina,

e no barulho do silêncio que me assola,
só essa linda Luz que me ilumina,
e o nascer de um novo dia; me consola…

José Dimas
2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Amor


Amor

Amor é como areia de ampulheta,
eternamente marcando o tempo, em Silêncio!
Esvaindo-se sem nunca se gastar, e gastando-se…
sem nunca se esvair…

José Dimas
2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Montado



Montado

Neste montado risonho
Onde por vezes vagueio,
Entre os meandros do sonho
E os estevais que permeio,

Oiço os sons da primavera,
Vejo o equilíbrio perfeito,
Sinto os aromas da terra
E agradeço do meu peito,

Respiro o cheiro das flores,
Bebo a Essência do vento,
Embriago-me com os odores
Nem dou por passar o tempo,

Canta a rola e a cotovia,
Canta o melro e canta a rã,
Tudo em perfeita harmonia
Sem pensar no amanhã,

E serpenteiam os estevais,
Dançando ao sabor do vento,
Envolvem-se flores e animais
E dança tudo ao mesmo tempo,

Dançam o cante da terra,
Dançam o sol que é seu sustento,
Não querem saber de guerra
Não pensam no sofrimento,

Tudo é paz tudo é amor,
Tudo é ordem natural,
Tudo é luz e tudo é cor
Tudo é perfeito e normal,

E aqui, nestes matos densos,
Em caminhadas sem fim,
Vou encontrando dispersos
Mil bocadinhos de mim,

Neste montado risonho,
Onde por vezes vagueio,
Entre os meandros do sonho
E os estevais que permeio.

José Dimas
2011

Onde estou



Onde estou?

Tantas casas
Tanta gente
Tantas portas
Por abrir,
Nas ruas
Da minha vida
Já não consigo
Sorrir,
Tanta vida
Por viver
Tanto sonho
Por sonhar,
Tantas palavras
Perdidas
Que eu não
Consigo
Encontrar,
Tanto frio
Na minha Alma
Tanto calor
No meu peito,
Nada mais há
A fazer
Tudo o que havia
Foi feito,
E as palavras
Que eu procuro
Nalgum sitio
Hão-de estar,
Tantas portas
Tanta gente
Caminhos
Por desbravar,
Onde estás
Que eu não
Te encontro
Cansado de
Procurar;
Onde estou…
Que eu não
Me encontro…
Cansado de
Me encontrar…

José Dimas
2011


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

S. Valentim

 
 
S. Valentim
No dia de S. Valentim
Aos Amantes consagrado
Quero dizer-te, Alentejo,
Que me sinto enamorado

Pelos teus vales floridos
Pelo verde dos teus prados
Pelas tuas planícies
Pela água dos teus lagos

Pela tua imensidão
De cor a perder de vista
Pelas papoilas, pelo pão,
Pelas aves, pelo artista…

Que pintou quadros tão belos
Com tudo de bom que é teu
Meu bocadinho de terra
Meu lugar ganho no Céu

Tu és musa inspiradora,
Nesta minha pátria amada
Eu gosto de todo o mundo
Mas não te troco por nada

Aqui fica a minha estima
E toda a minha gratidão
Meu Alentejo querido
Trago-te no meu Coração

E as cantigas que eu te canto
São pra mim como Oração
É que eu sou Alentejano
Da terra sagrada do pão



José Dimas
2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma mão cheia de palavras



Uma mão cheia de palavras

Quando reparo na imensidão da cama
onde me deito,
recordo-me dos milhões de palavras
que te não disse.
E das cartas que te escrevi
com palavras perfumadas,
mas que careciam de endereço.
Voltavam sempre ao remetente, desoladas.
Agora deste lugar onde me encontro,
vejo um leito que mais parece
um lago de palavras por dizer,
uma imensidão de palavras derivando,
em que os peixes desse lago se enamoram delas,
pois todas estão repletas de sentimentos,
calados, mas amordaçados,
envergonhados no seu silêncio,
acanhados na sua nudez
numa cama de flanela vestida,
evocando o tempo, em que
os corpos aqueciam a alvura do cetim,
e as doces palavras, no calor desses corpos,
evaporavam inebriadas de prazer;
restam agora as palavras por dizer,
carinhosamente alinhadas,
no meu leito de flanela vestido…
e nessa mão cheia de palavras,
o “eu ainda te Amo”,
sucede-se até á eternidade…

José Dimas

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

moléculas


Moléculas

Quando a primeira molécula, disse sim,
á segunda molécula.
E a segunda molécula, disse sim,
á primeira molécula.
Se já havia consciência,
impensável seria a eternidade
desse sim;
enquanto os biliões de moléculas
dos corpos continuarem,
a dizer sim…

José Dimas
2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ventos e brisas

 
 
Ventos e brisas


Quem sabe os Ventos Maus já foram Brisa,
Com o aroma da Flor de Amendoeira,
Para nos prenunciar de forma meiga, carinhosa,
Que a vida é muito breve e passageira,
E que de Brisa terna e perfumada,
Pode passar a ventos maus,
De trovoada,
Mas que nem sempre tem de ser dessa maneira,
Pode ser plena de Amor a vida;
Inteira…

José Dimas
2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Caminhos de Açucenas.



Caminhos de Açucenas.



Casta, pura, assim te vejo,
com os olhos a brilhar,
mais forte que o teu desejo,
é essa vontade de amar,

Essa vontade de amar,
que te rebenta do Ser,
embriagando o luar,
até nele se envolver.

Eu por vezes estou na Lua,
numa alienação total,
e nem sinto a Alma tua,
desculpa, não é por mal.

Já pensei no que desejo,
quando por lá te encontrar,
quero o carinho do beijo,
que tu tens para me dar.

E gravar no Coração,
quando lá for primavera,
um poema uma canção,
de um futuro á nossa espera.

De um futuro bem risonho,
com realizações plenas,
onde os prados desse sonho,
são caminhos de Açucenas.

José Dimas
2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hei tu!

Hei tu!

Hei tu! Sim!... tu!...arrebita! Agarra a Vida que passa por ti, e que por vezes, te esqueces que te pertence; é que o tempo, não tem tempo para esperar, e a Vida vai-se num ai...
José Dimas
2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Reflexos da penumbra



 Reflexos da penumbra

As pessoas julgam outrem
Julgando aquilo que são
Quando olham para um espelho
Sem ser com o Coração

E a coisa que mais irrita
Que mais faz enraivecer
É ver o negro no outro
E em si não conseguir ver

E assim se passa uma vida
Sem chegar a aprender
Julgando dia após dia
Sem nunca se conhecer

Sem nunca se conhecer
Sem nunca se perdoar
Fazendo parte do Todo
Mas querendo-se dissociar

Nunca é tarde pra aprender
A vida é constante lição
Se não conseguirmos ver
Os outros nos alumiarão

Brafma
2011