Amanhece lá fora,
Alaga o quarto uma mescla de toxinas,
Conservadas em álcool vaporizado na sombra
Da aurora,
Resquícios da noite passam em turbilhão,
Varrendo o recinto do pensar,
A boca secou, e na cabeça que não pára,
Ainda bailam ébrias memórias, nas brumas,
Onde brindam meretrizes, etílica mente ousadas,
Etílica mente sensuais,
Fede a carne de desejo, e fica o paraíso
À distância de um beijo,
Carinhos ternos abarcam Vénus e Baco
Numa orgia de sentidos, sentida,
Escorrem néctares em poços sem fundo,
E a dança dos corpos ao rubro, cospe prazer,
Preenchendo os vazios de forma efémera,
Projecto provisório de sonhos de Amar,
Que soçobra num apalpar de nada,
Gira o mundo e volta a girar, uma, e outra,
E muitas outras vezes,
Encontro de abandonos,
Sem o tempo passar, sem o tempo parar,
Sem o tempo chegar…
Pela fresta da janela atreve-se um raio de sol,
Aos poucos alumia o quarto,
Milhões de partículas embriagadas
Envolvem-se numa valsa,
Girando e conectando,
Aos poucos clareia a mente,
Milhões de neurónios ressacados,
Reconstroem-se no torpor da lascívia,
Girando e conectando,
Aos poucos me volto a montar, mirando,
E tentando conectar…
José Dimas
Out__ 2010
Parabéns Poeta!
ResponderEliminarBeijos
Nya