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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os amantes passaram e não viram nada


Os Amantes passaram e não viram nada...




Os aromas do vale inebriam os sentidos,

alecrim, rosmaninho, estevas e montrasto

fundem-se numa dança sensual,

Abarcando os amantes numa entrega total,

ao som das rãs dos grilos e das cigarras,

O aroma da partitura é tarde soalheira

dum Verão maduro, com cheiro a loendros

peras bravias e flor de laranjeira.

Imiscuindo-se no vale, o lago também se deleita,

chocalhando murmúrios nas margens cavadas

e marcando o ritmo da dança dos aromas.

Trina o rouxinol no carriço amarfanhado

que brota das águas,

Despertando peixes que tatuam a compasso,

círculos mágicos na pele do lago,

Nesta suave turbulência se espelha o sol

que desce pró outro lado da terra,

deixando atrás de si um mar de laranja,

e uma serenidade apaziguadora,

enquanto a penumbra se instala no vale.

Na relva só ficou o suor, e os gemidos mudos

de quem sabe amar.

Na plenitude da noite descem raios de luar

e o lago aquietado começa a brilhar,

Os milhões de estrelas estão todas ali

nas águas brilhantes, reflexos de Ti,

Abençoando a entrega na erva orvalhada,

onde os choupos crescem em busca de Luz,

e os aromas se misturam numa dança sensual.



Os amantes passaram e não viram nada...

Seguiram exaustos,

Levando com eles a entrega total.



José Dimas

2010

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