2012, tudo e nada
O sabor das cores que me traz o vento,
da Lua e do sol ao meu pensamento,
das papoilas maduras pingando rubores,
vermelhas sangrando, salpicando Amores,
e do canto das aves de braço no ar,
pedindo ao poeta para as desenhar,
pedindo um carinho pintado a pastel,
com letras doiradas a saber a mel,
sabe-me ao gosto escrito no papel,
do Sol e da Lua dos favos de mel,
cheira-me ao cheiro da trovoada,
do vapor da Terra da erva molhada,
o sabor das cores não me consola nada,
nem o rir das estrelas pela madrugada,
é um riso apagado não me sabe a nada,
já não oiço as estrelas nem consigo lê-las,
já não sei pintá-las não me ocorre nada,
não oiço as papoilas pela madrugada,
pintadas de fogo de cor encarnada,
no escuro da noite da noite estrelada,
já não se ouve a ave que seria pintada,
já não se ouvem grilos, nem a trovoada,
nem os sons da terra na erva orvalhada,
no alto da serra no escuro da noite,
até a escuridão está toda apagada,
não se ouve o escuro não se ouve nada,
só se ouve o silêncio da alvorada,
o mesmo silêncio da semente Sagrada,
em que na Origem não éramos nada,
e éramos tudo nessa cavalgada…
e o cheiro é o mesmo não cheira a nada,
e o nada é Tudo e o Tudo é nada,
já consigo escutar a noite calada,
o silêncio dos grilos na erva orvalhada,
o romper do dia pela madrugada,
e as papoilas pingando na seara espigada,
já oiço tudo e não oiço nada, já oiço tudo,
no silêncio do nada, oiço o despertar,
cheiro a alvorada, duma nova era sem cor agregada,
fruto do Amor da semente Sagrada,
e cheirando a tudo sem cheirar a nada,
uma consciência muito ampliada,
numa primavera, numa madrugada,
refazendo tudo sem desfazer nada,
e reabrindo caminho nesta caminhada…
para o reencontro na espiga sagrada,
num quarto quentinho da semente dourada,
onde o tudo é tudo e o nada é nada
e o nada é tudo
e o tudo é nada…
José Dimas
2011
Pode ser o fim de tudo ou início de uma nova era.
ResponderEliminarEnfim, que venha o que vier!!
Bjs
Nya MEB
Olá,
ResponderEliminarFresca manhä da vida, recomeço
Doutros orvalhos onde o sol se molha.
Nova cançäo de amor e novo preço
Do ridente triunfo que nos olha.
Larga e límpida luz donde se vê
Tudo o que näo dormiu e germinou;
Tudo o que até de noite luta e crê
Na força eterna que o semeou.
Um aceno de paz em cada flor;
Um convite de guerra em cada espinho;
E os louros do perfeito vencedor
À espera de quem passa no caminho.
Citando Miguel Torga(um dos meus poetas de eleição)
a ti, vencedor!
Bjs