Alentejo, a terra, e o pão,
De cor escura, e pele queimada,
pisando em terra lavrada,
a passo enterrava a vida,
essa vida abençoada.
Assim era antigamente,
em tempos que já lá vão,
rasgava-se a terra à Besta,
e semeava-se o trigo à mão.
O sol abrasava os corpos,
dos homens nos seus labores,
entoando lindas modas,
cantadas aos seus Amores.
Esqueciam sua tristeza,
e esse fado que era a vida,
trabalho de sol a sol,
em troca de meia espiga.
Com parcos recursos, poucos,
estava a terra semeada,
e era só colher o trigo,
voltava a ficar lavrada.
Agora não se vê disso,
não se vê mar de trigais,
os campos não estão doirados,
só se avistam olivais.
Já se emprega pouca gente,
máquinas, cada vez mais,
e o trigo que se produz,
já não dá pra três pardais.
E a terra do Alentejo,
do trigo de antigamente,
é um enorme pousio,
já não produz pão pra gente.
2011
Um «retrato» actualizado da nossa «Planície Heróica» - já nos nossos Favoritos. Gostaríamos que aderisse ao nosso Grupo: «O Alentejo não tem fim» no Facebook e partilhasse connosco estes seus belos Poemas. Obrigado
ResponderEliminarO Alentejo não tem fim!
Parabéns, Poeta! Consegues relatar essa dura realidade com muita suavidade e beleza.
ResponderEliminarBeijos