Nevoeiro
Denso, húmido, branco, leve, agarrado à terra!
Parece sorver as oliveiras,
enquanto que, com os seus dedos, lhes penteia as folhas,
saciando-lhes a sede.
As azeitonas, negras, por cima da capa de névoa,
reflectem o brilho do nascer do dia,
espelhando-se no violeta do Céu, e no rosa
das nuvens.
Sobressaindo das brumas, as copas das árvores,
dançam a suave brisa matinal,
convidando os tordos a degustar um pouco de si,
como as meretrizes vendem o corpo,
exibindo-se;
no seu brilho, na sua essência, semi-nuas,
vestidas de nevoeiro,
despidas de pudor…
São assim. Insinuantes e selvagens, as oliveiras,
detrás do quintal da minha casa,
são como os tordos,
mais este nevoeiro que me sorveu.
José Dimas
2011
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