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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma mão cheia de palavras



Uma mão cheia de palavras

Quando reparo na imensidão da cama
onde me deito,
recordo-me dos milhões de palavras
que te não disse.
E das cartas que te escrevi
com palavras perfumadas,
mas que careciam de endereço.
Voltavam sempre ao remetente, desoladas.
Agora deste lugar onde me encontro,
vejo um leito que mais parece
um lago de palavras por dizer,
uma imensidão de palavras derivando,
em que os peixes desse lago se enamoram delas,
pois todas estão repletas de sentimentos,
calados, mas amordaçados,
envergonhados no seu silêncio,
acanhados na sua nudez
numa cama de flanela vestida,
evocando o tempo, em que
os corpos aqueciam a alvura do cetim,
e as doces palavras, no calor desses corpos,
evaporavam inebriadas de prazer;
restam agora as palavras por dizer,
carinhosamente alinhadas,
no meu leito de flanela vestido…
e nessa mão cheia de palavras,
o “eu ainda te Amo”,
sucede-se até á eternidade…

José Dimas

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