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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Amanhece...


Foto-http://olhares.aeiou.pt/madrugada_foto779567.html (António Dimas)


Amanhece...


Amanhece no lago! Amanhece também
no meu Coração.
Na lareira ainda ardem dois troncos
de azinho,
resquícios da noite na consumação dos corpos.
Ávidos de prazer, consomem-se até á cinza,
até ao pó da terra.
Lá fora o melro repenica no silvado,
e o som dos seus silvos ecoa
na alma das águas,
que se mostra hoje,
como se de uma neblina mágica se tratasse ,
com tons quentes do arco-íris,
Devias ver…
Mas o teu sorriso é tão sereno,
que não tenho coragem de te resgatar
dos braços de Morfeu,
a tua proximidade ainda me arde na pele
e ainda me abrasa nos sentidos…

Altivo e majestoso, o Astro Rei
eleva-se no montado sobranceiro ao lago,
os primeiros raios de sol
que penetram o nevoeiro,
provocam uma explosão de alegria, e energia,
na transmutação do vapor da água
em milhões de partículas luminosas,
multicolores,
com uma orquestra maravilhosa da mãe natureza,
entoando uma partitura sem igual,
a partitura do nascer do dia
e do renascer da vida…
Devias ver…
A azáfama do recomeço,
mas adormeceste tarde,
exausta de prazer,
no quarto ainda pairam milhões de beijos,
misturados na neblina do vapor dos corpos…
Recordo as últimas palavras que disseste
antes de adormecer:
“se eu morresse agora,
não precisava procurar o caminho
para o paraíso”…
repousas sobre a pele de carneiro,
na proximidade de dois paus de azinho
que se consomem até ao pó da terra
até à origem…
O rubro calor do teu corpo
convida-me a degustar a dois
o conforto da lã,
e a mergulhar nos teus sonhos,
enquanto encaixo o meu corpo no teu,
enquanto encaixo a minha alma na tua,
entregando-me aos teus carinhos,
no reino de Morfeu…

José Dimas
2010

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