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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conexões



Amanhece lá fora,

Alaga o quarto uma mescla de toxinas,

Conservadas em álcool vaporizado na sombra

Da aurora,

Resquícios da noite passam em turbilhão,

Varrendo o recinto do pensar,

A boca secou, e na cabeça que não pára,

Ainda bailam ébrias memórias, nas brumas,

Onde brindam meretrizes, etílica mente ousadas,

Etílica mente sensuais,

Fede a carne de desejo, e fica o paraíso

À distância de um beijo,

Carinhos ternos abarcam Vénus e Baco

Numa orgia de sentidos, sentida,

Escorrem néctares em poços sem fundo,

E a dança dos corpos ao rubro, cospe prazer,

Preenchendo os vazios de forma efémera,

Projecto provisório de sonhos de Amar,

Que soçobra num apalpar de nada,

Gira o mundo e volta a girar, uma, e outra,

E muitas outras vezes,

Encontro de abandonos,

Sem o tempo passar, sem o tempo parar,

Sem o tempo chegar…



Pela fresta da janela atreve-se um raio de sol,

Aos poucos alumia o quarto,

Milhões de partículas embriagadas

Envolvem-se numa valsa,

Girando e conectando,

Aos poucos clareia a mente,

Milhões de neurónios ressacados,

Reconstroem-se no torpor da lascívia,

Girando e conectando,

Aos poucos me volto a montar, mirando,

E tentando conectar…



José Dimas

Out__ 2010

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