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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Conversas caladas



Conversas caladas

Falamos calados, como sempre fizemos,
Jogamos pedras com os olhos,
E cuspimos fogo pelas ventas,
Por escassez de coragem para exprimir
Sentimentos,
Falamos calados, mas lamentamo-nos
De nada dizer,
Os olhos ardem, e os ouvidos zumbem,
Ficamos para além do sentir,
Engolimos em seco, quando temos na boca
Um rio, de palavras por fluir,
Alimentando a crença de que
Não adianta chorar,
Porque ninguém vai ouvir,
Inconscientemente, tomamos contacto
Com registos de dor e abandono,
Com a criança ferida,
Só falamos calados, porque naquele tempo
Ainda não sabíamos falar,
E calamos, porque quando aprendemos
A falar,
Logo de seguida nos mandam calar,
E nem nos deixam chorar, (CALA-TE JÁ!),
Porque lhes bate no choro deles
Que não foi chorado,
E agora que podemos, não podemos,
Porque aprendemos a não chorar,
A calar,
E assim, o teu choro é o meu choro
Calado,
E o meu silêncio, é o teu silêncio chorado...

Arrebitamos, e seguimos Caminho,
Fazendo como sempre fizemos,
Falando calados, jogando pedras
Com os olhos,
E cuspindo fogo pelas ventas…
Como se nunca tivéssemos Amado.

José Dimas
2010

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