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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Da queimada nasce o pão


Da queimada nasce o pão...
.
Meu Alentejo tão lindo!
Gosto de ti de Coração!
Já foste campos de trigo,
no celeiro da nação.
És terra vermelha queimada,
e da queimada nasce o pão…

Da queimada nasce o pão,
nasce a vida novamente,
enterrado pela mão,
do camponês experiente.
Com o pão vem a papoila,
o Palanco e os Saramagos,
pra dar mais força á semente,
precisam ser amputados,
pela mão das mondadeiras,
das lindas moças prendadas,
que alegremente mondando,
vão cantando desgarradas,
mergulhando nas espigas,
que aguardam ser desbravadas…

O sol pinta em tons doirados,
a semente abençoada,
e fica morena a ceifeira,
que de foice em punho, armada,
vai mutilando a seara,
em cadência acelerada.
Para trás fica o restolho,
fica a paisagem pelada,
á espera que venha o homem,
com um archote na mão,
pra cobrir de rubras chamas,
a terra que deu o pão,
que foi vermelha de sangue,
verde esperança até mais não,
e o amarelo torrado
foi laranja inflamado,
em toda a sua extensão…

Mas quando o fogo se for,
e a cinza cobrir o chão,
vem o aço e rasga-a toda,
remexe-lhe o Coração,
pra ser lançada a semente,
com carinho e pela mão,
do camponês experiente,
que vai semear o pão,
num reviver eminente,
em constante conexão.

Assim é e assim será,
sempre foi eternamente,
das cinzas renasce a vida,
desde a primeira semente!

José Dimas
2011

3 comentários:

  1. Que Poema, meu querido!! Lindíssimo! Fiquei emocionada..
    Parabéns!!
    Bjs Nya

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  2. Olá,
    Na seara madura de amanhã
    Sem fronteiras nem dono,
    Há-de exitir a praga da milhã
    A volúpia do sono
    Da popoula vermelha e temporã,
    E o alegre abandono
    De uma cigarra vã.

    Bindo-te com este poema de Miguel Torga porque tal com ele és um grande poeta da váz da terra...
    Bjs

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